terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

O abismo entre EUA e Brasil no Atletismo

Provavelmente ninguém senão alguns poucos nerds de corrida ficaram sabendo no Brasil, mas o moleque americano Andrew Hunter, de 17 anos, quebrou nesta última semana um dos recordes mais antigos do Atletismo no país que possivelmente mais gosta de Atletismo no mundo. Nos 3.000m rasos para High School (o Ensino Médio americano), Andrew Hunter correu nada menos que 7'59" (7 minutos e 59 segundos) e superou uma marca de mais de 50 anos.


Traduzindo em pace: um moleque de 17 correu 3000m ao pace médio abaixo de 2:40 min/km.


Talvez o mais incrível é que Andrew Hunter é especial... mas ele também é mais um em um país com estrutura de primeira para o Atletismo desde a Escola Primária. Talvez nem seja o mais promissor.


No Brasil, não existe nenhum Atleta profissional no nível de Andrew Hunter, um moleque de 17 anos. É sério. Os melhores atletas de 1500m e 5000m do Brasil (o 3000m é pouco competitivo por aqui) não estão no nível de correr sub8min nos 3000m. O Brasileiro Thiago André, reconhecidamente a maior promessa do Atletismo Brasileiro de longa distância desde... (talvez Joaquim Cruz?) correu os mesmos 7:59 em 2014, aos 19. Thiago é um. É a exceção da exceção. Aquele talento extraordinário que supera a falta de estrutura e incompetência pública. Thiago é a esperança. Andrew Hunter é mais um. É mais um mesmo batendo um recorde de 50 anos.


Os grandes corredores são formados nas pistas de Atletismo. Como no Brasil quase não tem pista, e as que existem, são restritas e normalmente se encontram fechadas e limitadas ao uso, as corridas de rua no país (excluindo-se da análise todos os seus enormes efeitos positivos na saúde de tanta gente), são, sob o ponto de vista competitivo, um desfile de bizarrices. 

Corredores que em outros lugares do mundo seriam "mais um entre tantos", aqui viram estrelas das selfies, gurus das dicas de corrida, colecionadores de pódios e semi-profissionais.

Ah, se eles soubessem da existência de um tal de Andrew Hunter e dos milhares de moleques privilegiados pela estrutura de um país que leva o esporte a sério...


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