domingo, 2 de fevereiro de 2014

Sequência de treinos

Um dos aspectos mais difíceis de se treinar em alto nível (ainda que um alto nível amador) é um tanto quanto óbvio: isso pode ser extremamente cansativo e pode ficar complicado para o seu corpo aguentar o tranco com o passar das semanas.

O treinamento é todo baseado em ciclos, e esses ciclos são formados por semanas (em geral, eu treino com ciclos de 04 semanas cada). A tendência é que cada semana seja ligeiramente mais difícil que a semana anterior. O problema é que o acúmulo de cansaço faz com que, ainda que o volume e a intensidade sejam semelhantes, uma semana possa ser muito mais difícil que a anterior.

Um dos fatores que diferencia um atleta de alto rendimento é sua capacidade de aguentar grandes cargas de treinamento - semanas e semanas seguidas com um volume que varia entre os 150 km e até mais de 200 km. Isso exige basicamente duas características: um corpo extremamente bem preparado e muita motivação para iniciar e sobreviver aos treinos.

No meu caso, treinando para a Maratona de Porto Alegre - onde pretendo atingir um tempo sub-2h40, que é um bom tempo amador, mas ainda distante de um tempo profissional (sub-2h20) - tenho o objetivo de acumular semanas de treino com volume um pouco superior aos 100 quilômetros percorridos.

Essa foi a quarta semana, a última do meu primeiro ciclo, e meu corpo sentiu bastante os efeitos do cansaço acumulado. Fechei 417 quilômetros no mês de janeiro, sempre ao redor dos 100 quilômetros. Não é fácil manter esse volume, sobretudo porque não basta simplesmente ir lá e completar esses 100 quilômetros em qualquer nível de dificuldade. Muitos desses quilômetros são de alta intensidade. Nessa semana fiz o seguinte:



Segunda - 11 quilômetros, sendo 10 quilômetros em 36.20 (pace de 3.38 min/km). Parecido com a semana anterior, ligeiramente mais rápido, mas me sentindo mais cansado.

Terça - 18 quilômetros leves ao pace de 4m28s. Outro treino ligeiramente mais rápido que a semana anterior, mas diferente da semana passada, fiz a segunda metade bem mais lento que a primeira. Algo não estava bem.

Quarta - Manhã: ~11 quilômetros sendo 8 quilômetros em séries (12x400 com 30" de intervalo, 12x200 com 20-25 de intervalo e um tiro de 800 metros no final). Aqui que a coisa degringolou. Esse é para ser o treino mais difícil da semana mesmo, mas a última série de 800 metros foi particularmente difícil e eu senti que não sobrou nada e minha perna simplesmente não respondia mais ao comando. Ainda fechei em 2'34", mas com parciais de 1'14 e 1'20, ou seja, quebrei na segunda volta.

Noite: ~9 quilômetros: regenerativo ao pace de 4m40s, sentindo as pernas bem mais pesadas que na semana anterior.

Quinta: Manhã: ~7 quilômetros beeeeem leves. Esse não estava previsto, mas corri com uma amiga ao ritmo de cerca de 6m30s por quilômetro.

Noite: ~7 quilômetros. Com as pernas bem travadas e procurando soltá-las para o longo de amanhã.

Sexta: Longo de 23 quilômetros. O treino foi bom e superior às duas semanas anteriores, pois apesar do pace mais alto (4'13") foi num percurso cheio de subidas. No entanto, mais uma vez eu me senti tendo que fazer muito mais esforço do que nas semanas anteriores.

Sábado: 10 quilômetros leves. Treino de 48 minutos, bem leve, ao lado de um amigo. Soltando de ontem.

Domingo: 8.5 quilômetros com 7 tiros de 1,000m (intervalo de 45-50s). Saí para fazer 12 tiros (há duas semanas foram 10, e na semana passada foram 11). O natural era aumentar um pouco mais. Não deu. Uma das virtudes de um atleta é saber reconhecer quando é hora de parar, e hoje essa hora chegou no meu sétimo tiro. O pace não estava particularmente forte, mas o cansaço acumulado muito grande. Foi o primeiro treino desde que iniciei meu ciclo para Porto Alegre que não consegui ir até o fim.

Total da semana: ~104.5 quilômetros


Tivesse completado o treino de domingo corretamente e feito os aquecimentos e principalmente desaquecimentos de maneira correta (tenho pulado às vezes essas partes e deixado de somar quilômetros valiosos) teria batido próximo dos 115. O fato de não ter conseguido após a quarta semana seguida na faixa dos 100, e terminar o ciclo realmente esgotado, me faz valorizar ainda mais o que fazem esses atletas profissionais, que conseguem aguentar o tranco semana após semana e com um volume e intensidade ainda maiores do que o que venho fazendo.

Próxima semana, ciclo novo, e o volume baixará um pouco, embora ainda pretendo estar pelo menos na casa dos 90.




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