quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Livro: The Sports Gene

Um livro está balançando o mundo do esporte em 2013:
Trata-se do "The Sports Gene: Inside the Science of Extraordinary Athletic Performance", do jornalista David Epstein.
 
Cheio de referências e exemplos científicos, o livro busca explicar, por exemplo, a dominância da Jamaica nas provas de velocidade, e do Quênia nas provas de fundo.
 
Sabemos muito pouco sobre genes. Sempre que terminamos de ler um livro permanece apenas sua essência, aquilo que mais nos chamou atenção, e nossas conclusões pessoais. Realmente acredito no poder dos genes em performances extraordinárias. Acredito principalmente em três deles:
 
Treinabilidade, Motivação, e o gene dos "músculos de aço".
 
A combinação dos três (e mais alguns outros) produz campeões.
Veja o primeiro, por exemplo. A treinabilidade. É o que mais se assemelha ao nosso conceito de "talento".
 
Alguns atletas evoluem muito com poucos treinos. São muito treináveis. Podem passar o ano inteiro machucados e/ou fora de competições. Quando voltam, basta alguns treinos para que estejam no melhor da forma física.
 
O segundo fator é a motivação. Para o autor, a perseverança, a capacidade de se motivar em treinos difíceis e superar a dor, possui um grande componente genético.
 
E por fim, o gene dos músculos de aço. É fácil de observar na prática: alguns atletas parecem ser feitos de vidro, outros, machucam-se constantemente.
 
É talvez o principal fator que separa um extraordinário atleta de uma lenda. Como o etíope Haile Gebrsellassie, considerando o maior fundista de todos os tempos sobretudo pela sua carreira de mais de 20 anos batendo recordes. Consistência é fundamental.
 
Acredito que o segundo fator, o gene da motivação, é comum a todos os campeões. O que diferenciam uns e outros são realmente os genes da treinabilidade e dos músculos de aço.

O primeiro é possivelmente obrigatório para se chegar ao mais alto nível. E o segundo necessário para ter uma carreira constante.

Um atleta com alta treinabilidade, mas "de vidro", é aquele atleta que pode até chegar ao topo - mas lá permanecerá por pouco tempo até ser esquecido pela história. E um atleta de aço, mas com baixa treinabilidade, tem a ingrata missão de a todo momento observar rivais que treinam menos superarem seus tempos.

Nunca fiz um estudo genético mas desconfio que eu não tenha o tal gene da treinabilidade muito evoluído, mas que tenho essa vantagem de nunca me machucar. Na verdade consigo me lembrar de apenas uma lesão, que foi causada não por problemas musculares, mas por ter competido após ingerir um suplemento que não me fez bem.

De 2009 pra cá, eis a evolução dos meus tempos:

1,500m
2009 - 4'43"
2010 - 4'32"
2011 - 4'28"
2012 - 4'14"
 
5,000m
2009 - 18'03
2010 - 17'26
2011 - 16'40"
2012 - 16'19"
 
10,000m
2009 - 37'15"
2010 - 36'39"
2011 - 35'47"
2012 - 33'45"
 
Meia Maratona
2010 - 1h23'29"
2011 - 1h19'52"
2012 - 1h18'17"
2013 - 1h15'53"
 
Como se vê, apesar de uma melhora considerável em 2012, os tempos ainda estão muito áquem do que poderia estar, fosse eu um atleta mais treinável.
 
Por outro lado, esse aspecto de não me machucar nunca (e eu espero que não queime minha língua) me faz pensar que, continuando nessa evolução lenta, mas contínua, eu quem sabe possa aspirar estar num bom nível daqui a 5 ou 6 anos, quando me aproximar dos 30, ou mesmo aos 35, quando muitos dizem ser o auge de um maratonista.

Não fui agraciado com o tal gene do "talento". Desconfio que nunca chegarei num nível mundial, sequer nacional. Para isso precisa ser muito melhor do que eu.
 
Mas, mesmo assim, a combinação entre grande motivação e o fato de não me machucar é o suficiente para me permanecer firme e, quem sabe, chegar longe.

3 comentários:

  1. vi uma entrevista com David Epstein no sport tv, e fiquei muito interessada, ele fala com uma lógica maravilhosa e explica cada ponto, seu blog conseguiu completar a entrevista e aumentou esse interesse. vou ficar na espera pela tradução do livro

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    1. obrigado Mariana! também vi a entrevista, e o livro vale a pena mesmo!

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  2. Assisti a matéria e foi muito boa mesmo...

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