quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Quando você realmente quer algo...

Os fãs de Pelé, Ayrton Senna, Schumacher, Tiger Woods, Michael Jordan, Jesse Owens, Usain Bolt e tantos outros mitos do esporte que me desculpem - mas o maior atleta de todos os tempos, em todas as modalidades, é o americano Michael Phelps.

Ninguém venceu tanto em Jogos Olímpicos e por tanto tempo, ninguém venceu tanto em campeonatos mundiais, e ninguém exerceu tamanho domínio em modalidades tão distintas quanto um 200m livre e um 100m borboleta.

Phelps fez o mais difícil - chegar ao topo e permanecer nele por muito tempo. O que fez nos jogos olímpicos de Pequim, conquistando 8 medalhas de ouro e batendo 7 vezes o recorde mundial e 1 vez o recorde olímpico, é algo de um nível de excelência que não encontro definição.

Muito da resposta do porquê Phelps chegou lá está em seu livro, onde fica claro que é uma estupenda mistura de máximo de talento com o máximo de dedicação.

Existem muitas explicações e motivos que fizeram Phelps chegar lá, e a realidade é provavelmente uma mistura desses motivos - mas o principal, o que fez a diferença, pra mim é esse: Phelps quis mais do que os outros. Ele quis mais aquelas medalhas e aqueles recordes do que qualquer outra pessoa no mundo.

Durante os 4 anos entre as Olimpíadas de Athenas em 2004 e as Olimpíadas de Pequim em 2008, Phelps treinou absolutamente todos os dias, com exceção de um único, que foi o dia seguinte à sua extração de dente de ciso. Foram cerca de 1,500 dias de treinamento ininterruptos.

Jamais serei Phelps - não tenho um pingo do seu talento e genética - mas ironicamente, ler seu livro faz pensar naquela velha frase... caso não possa se destacar pelo talento, faça-o pelo esforço.

Eu não tenho objetivo de conquistar 8 medalhas de ouro e bater recordes mundiais - meu objetivo é conhecer o meu limite. É chegar num ponto máximo onde o talento comece a exercer uma influência maior que o esforço, e onde eu possa parar e dizer - cheguei até onde a natureza me permitiu. Sei que ainda estou longe. E sei que também não chegarei lá se não me esforçar como Phelps, mesmo que, diferentemente do nadador, eu não tenha uma vida dedicada somente ao esporte.

É por isso que na véspera de natal, dia 24 de dezembro, fui para a pista fazer 20 tiros de 400m com 30s de intervalo (Entre 1m19s e 1m21s). Treino que não é muito intenso, porém cansativo, onde o intervalo curtíssimo mal te deixa beber água e respirar.

No dia 25 de dezembro estava lá, somando mais 12 quilômetros leves na conta, em um dia extremamente quente.

E é por isso que no dia 1 de janeiro, mesmo tendo pouco dormido na noite anterior, e estando bem cansado, saí para uma rodagem de 11 km em 43:30 (pace médio de 3.57 min/km).

E 2013 começou pra valer.

Esse um ano que meus objetivos como atleta se dividem em dois, que vão exigir um grau de foco, motivação e esforço como nunca.

Um dos objetivos é bater todos os meus recordes pessoais - do 1,500m à Meia-Maratona, e talvez, quem sabe, da Maratona também. As marcas são as seguintes:

1,500m - 4'14"6
3,000m - 9'28"
5,000m - 16'19"
10 km (rua) - 33'45"
Meia - 1h18'17"

O outro objetivo ainda é surpresa e contarei mais sobre ele nos próximos dias. É algo mais pessoal e intimista. Um sonho que pretendo realizar de maneira inovadora e por um motivo que apenas no dia será revelado.

Desejo para mim mesmo que tudo que eu fizer em 2013 seja feito com o nível de excelência e esforço de Phelps.

Estou pronto.

2 comentários:

  1. Acho excelente se basear em algo assim. Só relembro tuas próprias palavras que não vives DO ESPORTE, então cuide também para estar bem em outros setores da vida.

    Agora, vou ser total advogada do diabo. Acho incrível que alguém ache que pode se inspirar no Phelps sabendo que não chegará a ser ele, mas sonhar todos os dias 'em superá-lo'. E digo superação comparando teu dia-a-dia, tuas condições, tua vida com a dele. Ainda assim sei que quando fores correr esse ano, irás com o pensamento de 'eu superarei o Phelps', o teu próprio Phelps.

    O esporte foi justamente o exemplo que eu dei e tu não ouviu quando eu disse que não compreendia tua 'desesperança pelo mundo' na nossa discussão que começou com o voluntariado. E embora não tenha ficado chateada contigo (porque adoro nossas discussões) fiquei triste com o exemplo simplista que me deste 'Irás ao presidente do Congo e pedirás para ele contratar e pagar bem aos professores, ele te responderá com um tiro'.

    Eu não irei ao presidente do Congo. Provavelmente morrerei e o Congo ainda sobreviverá dos voluntariados.
    Os professores nos EUA ainda ganharão mal. Até lá.

    Só que se eu sonhar com o mundo do futebol no final de semana, e tu sonhares em ser o atleta amador que joga futebol nos fins de semana com churrasco e cerveja. Bom, onde chegaremos?

    Sim, eu sonho em ultrapassar o Phelps. Eu sonho que as pessoas não precisarão 'se doar num trabalho'. E não porque não seja bonito, bom, gratificante. Elas poderão fazer outras ações. Elas não precisarão 'se voluntariar' porque as pessoas terão seus serviços de direito, lutarão por isso, exigirão e receberão. Isso é o Phelps do meu mundo.

    Ah, mas ele é imaginário?
    Bom, com toda sinceridade, o teu Phelps também é. E não deixa de ser menos real, porque a idealização é apenas a motivação que faz com que avancemos e percorramos o caminho quando já não aguentamos mais, porque quando olhamos para trás podemos enxergar até que não chegamos no alto do podium, mas subimos boa parte do que achavamos que não seria possível no começo.

    Beijão e bom ano!
    liliescreve.blogspot.com

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  2. Lise

    A tua indignação e desejo de ver um mundo em que todos recebam naturalmente aquilo que deveriam ter por direito, através do Estado, de empresas, de outras pessoas, ou o que quer que seja, é legítima e louvável.

    A comparação dos 'Phelps' é bacana no sentido que ambos são utópicos, porém admitimos que mesmo sabendo disso, devemos ir atrás de nos aproximarmos deles.

    Porém acredito que no caso do teu Phelps, ainda que todas as pessoas do mundo larguem seus voluntariados e lutem pelos direitos de cada ser humano, ao meu ver, ainda assim as injustiças prevalecerão, pois isso é inerente do ser humano, querer ter mais do que o outro. E não falo só de dinheiro, mas de conhecimento, nível esportivo, sucesso, e qualquer outra coisa.

    E aí que não posso concordar contigo, porque se desistir do meu ideal de 'Phelps' no esporte, serei eu mesmo o único prejudicado, enquanto se todas as pessoas largarem seus trabalhos voluntários pelo teu Phelps, muitos morrerão, deixarão de realizar sonhos, ou deixarão de ter a única ajuda ou companhia que possuem. E é por isso que não posso concordar contigo, pois voluntariado pode até só estar tapando buraco sim, mas são buracos que precisam ser tapados.

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