quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Dores e Glórias

Sentimentos tão antagônicos e tão presentes nos treinos e competições me inspiraram a dedicar esse blog às dores e glórias de um atleta que visa performance, ainda que seja uma performance amadora.

Acrescentei os sonhos pela ligação com o futuro e que me fazem pensar que treino com alguns propósitos. Longe de ser acaso.

Não existe glória sem dor nesse mundo. Em 2012 pude alcançar minhas melhores marcas pessoais. Venci os 10 km da Maratona de SC, e outras competições menores. Fui vice-campeão catarinense universitário e fiz índice para o brasileiro. Competi algumas das melhores provas da minha vida, e que me deixaram orgulhoso, como recompensa do esforço de muitas horas de treino dedicados à performance, e não ao atletismo recreativo que tanto cresce no país (e que incentivo à prática a todos que desejam a felicidade!).

Mas e se eu fizesse a pergunta ao contrário - existe dor sem glória nesse mundo? Como lidar com derrotas marcantes, com o fracasso inesperado?
Quis o destino que a competição para a qual melhor me preparei em 2012 fosse também a pior e mais decepcionante, os Jogos Abertos de Santa Catarina. Fiz tudo certo em relação aos treinos. Estava muitíssimo bem preparado em termos físicos.

Não obstante, algo deu errado, e falhei. Faltou preparar melhor a mente. Não consegui dormir na noite anterior devido à ansiedade e ao alojamento desconfortável. Quis compensar o cansaço do dia da competição de 5,000m com mistura de caféina e proteínas. Para piorar, estava extremamente calor, e a pista estava muito ruim - minha escolha em correr de sapatilha se mostrou errada durante a competição. Até consegui correr no ritmo esperado por cerca de metade da prova. Mas depois a coisa ficou tão complicada que meu resultado final ficou muito abaixo de ser ruim - foi lamentável!

No dia seguinte, com forte congestão e dor visceral no abdomen, acabei no hospital. Nem competiria os 1,500m, já no outro dia e mesmo sem dor, por preucação.

O saldo da competição que mais me dediquei em 2012 foi esse. Uma prova lamentável de tão ruim, e outra que sequer larguei.

Existem glórias em meio a dores?

Por mais boba e repetitiva que possa parecer a constatação a seguir, ela é a mais pura verdade: dor só é dor de verdade quando dói pra valer. 

E aí não me refiro à dor física, mas à dor do fracasso. E quando vem com requintes de crueldade - pois mesmo eu, realista que sou, tinha grande expectativa de um grande resultado - também automaticamente reside na reação dessa dor sua própria glória.

Fiz o melhor que pude. Mas o melhor que pude foi muito ruim. Foi muito abaixo do que almejo.

Em nenhuma das minhas vitórias de 2012 eu terminaria uma competição tão decepcionado e motivado. Parece um paradoxo. Mas é verdade.

Fracassos existem para nos aproximarmos das vitórias.

Do contrário, não há força suficiente.

Não há força que mais motive do que a força da superação. E essa força precisa vir acompanhada de dor.

Tenho certeza que vou voltar aos Jogos Abertos de Santa Catarina. Pode ser que seja em 2013. Pode ser que mais pra frente.

Vou voltar - e só aí então vou conseguir perceber o que hoje parece apenas uma desculpa de perdedor - que o fracasso de 2012 só existiu para que as glórias futuras sejam ainda mais saborosas.

Dores e glórias. 

Glórias e dores.

Em 2012 confirmei o que já sabia. Um atleta precisa de ambos.

Um comentário:

  1. Rafael, o mais importante é que você saber lidar com o fracasso e tem consciência de que ele é importante para as vitórias que sucederão. Mais glórias do que dores em 2013 pra vc. Um abraço.

    ResponderExcluir