quarta-feira, 26 de junho de 2013

Mentalidade americana

As pessoas no Brasil costumam achar que eu sou um atleta de alto nível - acho até que muitos pensam que sou um semi-profissional, patrocinado e etc.

Sem demagogia ou falsa modéstia, sou um atleta medíocre para aquilo que me proponho, isto é, levar o atletismo a sério e buscar melhorar minha performance juntamente com os outros desafios da vida.

Morando nos Estados Unidos é fácil perceber: estou treinando na Universidade de Stanford, e por aqui é comum ver pessoas de variadas idades treinando na pista, por sinal de altíssima qualidade e aberta ao público. Esses dias fui fazer uma série de tiros de 400 metros, e um moleque que deveria ter uns 8 anos me ultrapassou.

E o engraçado é que fiquei feliz e orgulhoso por estar num lugar que o esporte é levado a sério juntamente com a educação. Caminham juntos, lado a lado. É possível observar diariamente crianças de  variadas idades treinando na pista (com acompanhamento dos técnicos). E não só crianças. Já vi senhores e senhoras de certamente mais de 70 anos correndo (e inclusive fazendo exercícios de coordenação de corrida).

Um corredor do meu nível pode até ser considerado razoável no Brasil - aqui nos Estados Unidos eu não passo de um corredor recreativo. Jamais conseguiria vaga numa equipe universitária. Estou no nível das mulheres, e olhe lá. Algumas correm mais do que eu. Os atletas universitários aqui correm todos sub-15 minutos nos 5,000m por exemplo, cerca de 1m30s mais rápido que eu, ou seja, uma eternidade.

Sem falar que esses são os piores - há os que correm sub-14.

Esses dias treinei com uma americana que, mal ela sabe, seria uma super star no Brasil. Em Floripa ela venceria qualquer corrida de rua dando risada. Aqui? É uma das piores da equipe universitária, tanto que a equipe inteira está fora competindo, e ela ficou pois ainda "não tem nível"para a competição.

Para eles é simplesmente normal: você estuda numa das melhores universidades do mundo, e dá duro para representar a universidade em algum esporte. Além de extremamente competitivos, é claro, há estrutura para isso.

Sou fã dos americanos, embora o mundo me diga o contrário, felizmente estou aqui para observar como as coisas funcionam e poder dizer o que penso realmente vivendo a realidade e não criando uma opinião alienada esquerdista.

Enquanto no Brasil eu sou retirado da péssima pista da Ufsc por treinar fora dos horários permitidos, aqui eu treino numa pista incrível e as pessoas ainda me dão bom dia.

Comprei até uma camiseta de Stanford para me inspirar nessa jornada onde ainda tenho muito, muito a melhorar.

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